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Quarta-feira de cinzas


style="width: 100%;" data-filename="retriever">Até 2020, a quarta-feira de cinzas, para muitos, era o marco efetivo do início do ano, uma vez que encerrava um longo período de descanso, após as festividades do Carnaval e das férias escolares. No entanto, este ano, tudo está diferente, nada do que estávamos acostumados aconteceu.

Quando a pandemia do novo coronavírus foi declarada pela Organização Mundial da Saúde, em março de 2020, jamais imaginamos que ela iria durar tanto. Ela, literalmente, virou nossas vidas de cabeça para baixo, transformou tudo numa grande confusão, como a letra da música "100% Você", do grupo Chiclete com Banana: "...um céu sem estrelas, uma praia sem mar, amor sem carinho, romance sem par, carnaval sem festa, um jardim sem flor, estrada sem rumo, saudade sem dor, TV sem novela, arco-íris sem cor, verão sem calor."

A terça-feira de Carnaval não foi precedida do costumeiro ponto facultativo. O Carnaval foi sem fantasia e festa. Salvador ficou sem blocos e trios elétricos. O famoso sambódromo estava sem carros alegóricos e foliões. A chave da Cidade Maravilhosa, onde anualmente ocorria o maior espetáculo da terra, foi entregue, não ao Rei Momo, mas aos profissionais da saúde. Em 128 anos, foi a primeira vez que, neste período, as ruas do Rio de Janeiro não foram o palco da alegria, assim como ocorreu em várias cidades do país.

Além do Carnaval sem festas, a novidade foi que, no último dia 12 de fevereiro, iniciou o Ano Novo Chinês denominado ano do Boi de Metal. Para os chineses, o boi significa justiça, lealdade, franqueza, construção, paciência e intuição. Já o elemento metal carrega o simbolismo de determinação, sucesso, ambição, autossuficiência, impulsividade e uma certa teimosia. Contudo, a novidade encerrou aí, porque, segundo a astrologia chinesa, espera-se um ano de trabalho árduo e de superação, onde o sucesso será fruto de muita disciplina, perseverança e dedicação, ou seja, mais um ano de muitas dificuldades.Um ano que exigirá cuidado, já que devem surgir muitos conflitos desnecessários, decorrentes da comunicação falha. Paciência e bom senso serão imprescindíveis. Nada diferente do ano que findou.

Portanto, nesta quarta-feira de cinzas que, infelizmente, é mais um dia de uma rotina de quase um ano de isolamento e de reflexão sobre a fragilidade da vida humana, só nos resta a certeza da transitoriedade de tudo, inclusive das coisas ruins. Agregamos ao dia, a possibilidade de superação, segundo as previsões do Ano Novo Chinês. Tudo, embalado pela música de Vinicius de Moraes, denominada a Marcha da Quarta-feira de Cinzas, que diz: "...a tristeza que a gente tem, qualquer dia vai se acabar. Todos vão sorrir. Voltou a esperança. É o povo que dança. Contente da vida. Feliz a cantar".

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